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Rei Arthur – A Lenda da Espada: será que vale a pena?

O principezinho Arthur Pendragon é separado dos pais e, anos depois, inconsciente de sua herança, ele puxa a espada da pedra e bang! É aclamado como o novo rei da Inglaterra. “Oh, meu Deus, sério que é outro filme de rei Arthur?” Sim, é sério. A grande pergunta que fica diante de “Rei Arthur – A Lenda da Espada” é: “E aí? Será que vale a pena?”
A resposta curta e grossa? Sim, vale a pena, no cinema e em 3d, mas não vá com muita sede ao pote. Visualmente é um filme bonito, grandioso, principalmente pra quem gosta de pirotecnia e objetos voando na cara de cinco em cinco minutos. Ou seja: noventa e nove vírgula nove nove por cento dos e das nerds de todas as idades. A estética PSP e Xbox na cena de abertura que o diga!
Contudo, até essa galera fissurada em games sabe que efeitos não bastam para fazer um bom filme. Além de boas ideias(confere!), é necessário bons atores (confere!) e boa fotografia (super confere!). A receita de um filme de qualidade também inclui bons efeitos sonoros (confere!) e trilha sonora empolgante (mega confere!!!). Cenas de luta convincentes (confere!) e compreensíveis (não confere!) são pra lá de importantes. Bons objetos de cena e figurino (errrr… não exatamente confere) também são vitais. E finalmente, é indispensável boa direção e edição e um ótimo roteiro (não confere, não confere e não confere!). E é nessa trindade sagrada que o filme derrapa.
Cheat Codes
A direção escolhe ângulos e movimentos de câmera interessantes na maioria dos casos. Contudo, nas cenas de luta, principalmente com mais de dois combatentes, a coisa vira um amontoado de lâminas e espadas. O humor do filme, refletido na edição com pequenas tomadas frenéticas para explicar fatos passados ou suposições futuras, acaba passando de ágil a confuso, principalmente na versão legendada. Finalmente, o roteiro ficaria mais bacana num seriado de TV. Os artifícios para abreviar a narrativa funcionam bem na infância do moçoilo. Já o abuso desse recurso para retratar a viagem mística do protagonista e a evolução da rebelião parece mais com um “jeitinho” para caber tudo no filme. Ou melhor, com cheat codes, os códigos usados para trapacear em jogos eletrônicos.
Há também uma estranha cisão entre o mundo mágico, alguma forma de realismo histórico e uma hipotética diversidade cultural excessivamente exótica para a época. A Londinium (atualmente Londres) desse rei Arthur abriga afrodescendentes com título de nobreza, um dojô (com um mestre subaproveitado no lufa lufa do roteiro) e uma delegação viking. Na infância do protagonista, havia literalmente guerras mágicas e, de alguma maneira, isso não parece ter afetado o quotidiano do povo. Há todo um bestiário mágico não explorado, que faz pensar que realmente seria uma pena não haver uma continuação. E o mesmo pode-se dizer da personagem da Maga.
Desde que não se vá ao cinema com grandes expectativas, o filme ainda é bem divertido. Afinal, mesmo sem bom desenvolvimento, as boas ideias continuam ali, vivas. E entre elas e os belos efeitos, “Rei Arthur – A Lenda da Espada” mantém um elevado poder de maravilhar e atiçar a imaginação.
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